Durante os meus 37 anos de jornada no Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE-BA), tive oportunidades de participar de congressos nacionais e internacionais tanto como auditor quanto como conselheiro dessa Casa.
Cada vez que vou a esses encontros, sinto que uma certeza se reafirma: os órgãos de controle devem ser reconhecidos não só pelo trabalho de fiscalização dos recursos públicos, mas principalmente pelo manancial de conhecimentos que produzem.
No último evento que reuniu representantes das Cortes de Contas do país e do exterior, ocorrido em Fortaleza-CE, no final de 2023, não foi diferente e testemunhei, com grande satisfação, o lançamento de várias produções de conhecimento.
Na condição de vice-presidente de Auditoria do Instituto Rui Barbosa, tive o prazer de lançar, junto com o presidente do IRB, conselheiro Edilberto Pontes, a versão digital, em português, de três manuais de Auditoria (financeira, operacional e de conformidade) publicados pela Iniciativa da Intosai para o Desenvolvimento (IDI), antes disponíveis somente em dois idiomas: inglês e árabe. Um trabalho árduo, realizado com o valoroso apoio das designers gráficas Bianca Alves e Jéssica Souza, da Assessoria de Comunicação do TCE/BA, e da bibliotecária Ane Gleide de Araújo, também da Casa de Auditoria da Bahia.
Entre as produções lançadas no III Congresso Internacional dos Tribunais de Contas, houve também espaço para possibilitar que as novas gerações conheçam os grandes nomes da história do Brasil e das Casas de Contas e Controle. Um bom exemplo dessa criativa linha editorial está na trilogia em homenagem ao patrono das Cortes de Contas, o baiano Ruy Barbosa, com a apresentação dos encartes intitulados Ruy – o menino-águia; Ruy Barbosa – o silêncio do fogo, e Ruy – o homem que vestia palavras.
Esses impressos, especificamente, trouxeram-me um orgulho especial por me fazerem lembrar do lançamento, pelo TCE/BA, no primeiro trimestre de 2023, da revista em quadrinhos Ruy – do sonho à realidade, em um evento internacional que celebrou o aniversário de cem anos de falecimento do Águia de Haia, em 1º de março de 2023. O gibi, com ilustrações do cartunista Gentil e roteiro do jornalista Chico Castro Júnior, descreve a trajetória do menino Ruy, desde a sua atuação como aluno brilhante ao papel exercido como exponencial jurista.
Já no evento realizado em Fortaleza, foram lançadas também a versão impressa das Normas Brasileiras de Auditorias do Setor Público NBASPs – 200 e 2000, e a versão simplificada dessas normas, elaborada por alunos de Ciências Contábeis da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
Em um encontro marcado pelo denso conteúdo, o que suscitou muitas reflexões, houve um momento em que mergulhei no universo da ficção científica ao assistir à palestra “Como utilizar a Inteligência Artificial para potencializar as ferramentas de comunicação”, ministrada pelas jornalistas Daniela Pereira e Dominique Thomaz. Enquanto assistia aos eventos que mostram a revolução digital criada pela Inteligência Artificial (IA), vieram à minha mente as histórias dos geniais Júlio Verne, Isaac Asimov e Aldous Huxley, que, nos séculos XIX e XX, lançaram a semente para a compreensão desta nova era. E confesso: não há como deixarmos de ficar surpresos, ou até mesmo assustados, quando percebemos aonde chegamos e aonde ainda podemos chegar com os avanços tecnológicos.
Mas o fato é que, no grande evento, aprendi o que, para mim, foi a principal lição: a IA é responsável pela automação, mas somos nós que fazemos as sinapses. É o homo sapiens que clica para dar o comando. Dessa forma, é possível concluir que podemos ser um prompter do bem. Sim, podemos sempre buscar a melhor forma de otimizar o desempenho das ferramentas de IA para construir um mundo melhor. Afinal, o mais importante é utilizarmos o conhecimento de humanidade que adquirimos até aqui e trabalhar com empenho e ética a fim de nunca perdermos o controle. Trilhando esse caminho, creio, com toda a fé, que poderemos construir o Tribunal de Contas sustentável do presente e do futuro. Pois creio, por fim, que há de chegar um dia em que o ser humano não precisará de um Multivac para responder a última pergunta, na forma tão bem descrita por Isaac Asimov.