Há uma frase repetida por muitos pais e que vale ser lembrada neste 12 de outubro: “Filho: a educação é a maior herança que podemos te deixar”. Independentemente das condições financeiras de cada família, as restrições ao ensino presencial impuseram aos pais e às escolas um desafio para se concretizar essa sentença tão inspiradora: apoiar as crianças nas atividades remotas.
Uma pesquisa do Comitê da Educação do Instituto Rui Barbosa, em parceria com o Iede e 26 Tribunais de Contas, apontou cenário complexo, mas não desalentador. Segundo o estudo “A Educação não Pode Esperar”, 82% das redes municipais criaram formas de fazer chegar conteúdos aos estudantes. Ainda assim, a regularidade nesse processo de entregas é baixa.
Os resultados do estudo indicam que uma reação, com todas as dificuldades inerentes, é melhor do que ficar esperando a pandemia passar ou a vacina chegar. A absoluta maioria dos países que tiveram aulas suspensas não estava preparada para fazer uma transição tão abrupta. E o Brasil tem o desafio extra de não deixar que aumentem as desigualdades.
Em todo o país, dirigentes da educação e professores têm se esforçado para manter a aprendizagem e o vínculo escolar. Omissões existem, tanto lá na ponta quanto na alta cúpula, mas terão seu preço cobrado mais adiante. O que importa é cada um faça a sua parte. E aqui entra a herança citada no início. Pensei nela ao ler a notícia da família que ergueu uma tenda plástica no meio da lavoura para o filho poder acompanhar as aulas online. Mesmo com sua pouca instrução formal, esses pais demonstraram ao menino de 11 anos – e a todos nós – a relevância da educação; e o exemplo foi eloquente. Neste dia 12 de outubro, o melhor que podemos fazer é assegurar que todas as crianças mantenham seus laços com a escola, em condições dignas de aprendizado, acesso à alimentação equilibrada, saúde e proteção. Lembrando que, para isso, é preciso reconhecer e valorizar o professor, cuja data também celebramos nesta semana. E os pais – muitos, infelizmente, com escassa escolarização – serão sempre educadores, até montando uma tenda.
*Cezar Miola, presidente do CTE-IRB e conselheiro do TCE-RS.
Artigo Publicado pela RBS em 12/10/20