As ações necessárias ao combate do novo coronavírus interromperam as aulas presenciais nas escolas brasileiras na metade de março, impactando, somente na Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio), 47,9 milhões de alunos (INEP, 2019). A prioridade no momento é a manutenção da saúde e a preservação das vidas. As escolas devem permanecer fechadas até que a situação se estabilize e seja segura a reabertura — data esta que ainda é incerta.
Para além da incontestável necessidade de isolamento físico neste período, os profissionais da Educação, em específico, e a sociedade como um todo devem estar cientes dos efeitos gravosos a médio e a longo prazo que um período extenso sem aulas pode ter sobre a aprendizagem dos estudantes. A fim de exemplificar essas possíveis consequências, recorre-se aqui ao estudo de Wills (2014), que investigou como greves de professores afetaram o desempenho dos alunos no Ensino Fundamental na África do Sul. Os resultados apontaram que, apesar de a duração média da greve nas escolas estudadas representar apenas 7% dos dias oficiais do ano letivo, o efeito sobre a aprendizagem dos estudantes foi equivalente a ¼ de ano perdido, o que sugere que as paralisações podem gerar efeitos disruptivos na aprendizagem.