Engajamento dos Tribunais de Contas na fiscalização de políticas públicas de saneamento básico vai contribuir para atendimento da meta até 2033

Equipe Instituto Rui Barbosa

“As leis não bastam. Os lírios não nascem da lei.” Citando versos do poema Nosso Tempo, de Carlos Drummond de Andrade, o presidente do Instituto Rui Barbosa (IRB), conselheiro Edilberto Pontes (vice-presidente do TCE Ceará), destacou a importância da atuação conjunta entre os Tribunais de Contas e a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) para o cumprimento da Lei 14.026/2020, que prevê a universalização dos serviços de saneamento básico (água e esgoto) no País até 2033. Sua declaração foi feita na abertura do Seminário “O Controle Externo e o Novo Marco Legal do Saneamento Básico”, iniciado na tarde desta segunda-feira (7/8), no auditório do Edifício ION, em Brasília (DF).

“A Lei é um referencial. Precisamos que os órgãos públicos e as entidades de controle e de fiscalização se apropriem das normas. É o engajamento que faz as coisas acontecerem. Precisamos nos aprofundar nos itens do Novo Marco Legal do Saneamento Básico para implementar um modelo que atenda as novas regras e garanta a universalização do saneamento básico, com a prestação de serviços de qualidade a todos os brasileiros”, reforçou Edilberto Pontes.

A melhoria da qualidade de vida das pessoas foi o ponto destacado por todos os integrantes da mesa de abertura do evento. O conselheiro Rholden Botelho de Queiroz, representando o presidente do TCE do Ceará, Valdomiro Távora, e o presidente do Comitê de Meio Ambiente e Sustentabilidade do IRB, conselheiro Júlio de Assis (TCE-AM), ressaltou o desafio para cumprir a lei. “Há uma necessidade de concatenação de esforços para que seja implementado e todos tenham água de qualidade,” disse Rholden.

Para o conselheiro Joaquim de Castro (TCM-GO), representando as entidades Abracom, Atricon e CNPTC, a discussão sobre o Novo Marco Legal do Saneamento é atual, e os Tribunais de Contas têm o papel fundamental de fiscalizar, além dos estados e municípios, as concessões e privatizações.

O conselheiro Rodrigo Melo do Nascimento, presidente do TCE-RJ e do Comitê Técnico de Concessões, Parcerias Público-Privadas e Privatizações do IRB, falou sobre o Acordo de Cooperação firmado entre a ANA e o IRB para capacitações dos Tribunais. “Foi estabelecido como princípio fundamental a universalização da água potável e do tratamento de esgoto até 2033. Temos muita coisa a fazer em apenas 10 anos, entre elas estimular a seleção competitiva do prestador dos serviços e a realização de concessões e PPPs como solução legal por excelência, para atingir esse princípio.”

A palestra magna foi proferida pela diretora-presidente da ANA, Veronica Sánchez da Cruz Rios. Ela apresentou as diretrizes da Agência e mostrou a situação da água e do saneamento básico no Brasil. Falou da finalidade de uso da água para irrigação, abastecimento urbano, indústria, animal, termelétrica, abastecimento rural e mineração. Segundo ela, em menos de 40 anos houve um aumento significativo no uso da água: “É preciso reduzir as perdas nacionais, temos que estimular o reuso e a preservação das matas ciliares.”

A mudança de mentalidade sobre a escassez da água foi outro ponto destacado por Veronica Sánchez. “Há um crescimento na percepção de escassez da água e um aumento dos conflitos pelo uso da água, na medida em que cresce a ocorrência de desastres relacionados à água (secas e enchentes). Essa noção de escassez é necessária para que possamos valorizar a vida. O Brasil foi um dos três países apontados pela ONU no atendimento da ODS 6, de aumento da entrega de água limpa e saneamento básico”, ressaltou a presidente da ANA. Além do Brasil, figuraram Singapura e Gana.

Entre os desafios da universalização do saneamento básico estão o aumento da segurança jurídica do setor, atração de novos investimentos, ampliação e aceleração dos investimentos na área mediante soma de esforços entre setor público e privado; estímulo à competência entre os prestadores a fim de melhorar a qualidade dos serviços aos usuários; fortalecimento de normas de referência nacional pela ANA; e promoção da articulação entre órgãos públicos para otimizar a alocação de recursos públicos.

O Seminário continua até quarta-feira (9/8), com participação de membros e servidores dos Tribunais de Contas, representantes de entidades que atuam na área do saneamento básico e demais interessados na temática. O evento tem o apoio dos Tribunais de Contas dos Estados do Rio de Janeiro (TCE-RJ), do Amazonas (TCE-AM) e do Ceará (TCE-CE), a Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), a Associação Brasileira dos Tribunais de Contas dos Municípios (Abracom) e o Conselho Nacional de Presidentes dos Tribunais de Contas (CNPTC).

A iniciativa atende ao disposto no Acordo de Cooperação firmado entre o IRB e a ANA, de promoção de ações educacionais para o intercâmbio de experiências, o compartilhamento de informações e as metodologias entre técnicos da Agência e membros e servidores dos Tribunais de Contas brasileiros.

Serviço

Evento: Seminário “O Controle Externo e o Novo Marco Legal do Saneamento Básico”
Data: 7 a 9 de agosto de 2023
Local: Auditório do Edifício ION. SGAN 601, Bloco H, Asa Norte, Brasília – DF