Qual a melhor forma de se resolver um problema que tenha um nó na Auditoria Financeira? Na opinião do Auditor Federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União (TCU), Marcelo Sousa, não há fórmula nem resposta exata. Vai depender muito de como se lida com o problema. E nem sempre uma “tecnologia da moda”, com aquele inglês bonito e de boa pronúncia, vai colocar o trem sobre os trilhos para corrigir o rumo do trabalho auditorial. O mais importante, nesse caso, é avaliar o problema e construir uma solução vinculada a ele. Com essa explicação, Marcelo Sousa proferiu, na manhã dessa terça-feira (8/7), a palestra “Tecnologia, Inovação e Transformação Digital na Auditoria Financeira”, durante o 3º Encontro Nacional de Auditoria Financeira dos Tribunais de Contas do Brasil (ENAF-TC), em Salvador-BA.
Com muito bom humor, Marcelo motivou o público – presencial e remoto – com explicações didáticas sobre o mundo tecnológico aplicado à Auditoria Financeira. Para o especialista, não adianta querer aplicar uma tecnologia somente porque acha bonito, porque gosta de estudar sobre o assunto ou porque é interessante. O importante é entender o problema e buscar uma solução. “As tecnologias têm que vir pra resolver os problemas da vida real. Eu não gostaria de dizer uma única tecnologia, uma única solução como a mais adequada, mais apropriada para a Auditoria Financeira. É muito mais de ver qual é o problema e, a partir do problema, desenhar uma solução. Isso é muito caso a caso. Eu acho também que é uma questão de opções. Ainda que você não saiba, você tem o telefone de quem sabe, tem alguém que você possa ligar e falar o que é possível fazer nessas situações”, lembrou Marcelo Sousa.
Autor de trabalhos que envolvem soluções tecnológicas para a Unicef, entre outras instituições, o Auditor do TCU aconselha que não se foque em uma única alternativa tecnológica no processo de resolução de entraves na Auditoria Financeira. A solução pode até partir de um híbrido de inteligência artificial, automação, estatística descritiva ou até manual, como o preenchimento de planilhas e as lapiseiras dos velhos tempos. Vai depender sempre, como disse Pacote, como é mais conhecido o mestre em ciência da computação pela UNB, da construção que será erguida para resolver o problema. Enfim, a mensagem é que nem sempre haverá um pacote pronto de soluções.
No final da palestra, o Auditor Marcelo Sousa surpreendeu o público com uma pegadinha inesperada, induzindo a plateia a acreditar que o poema que ele escreveu em homenagem ao evento foi produzido por inteligência artificial. Mas terminou confessando que as estrofes, de autoria própria, vieram da sua cabeça. “Afinal, é sempre a gente que dá o comando”, concluiu.
Leia o poema escrito pelo palestrante:
“Ontem teve flauta, capoeira e berimbau,
Mas também teve MMDTC e a palestra do Banco Mundial
O almoço foi corrido e não deu tempo para acarajé e vatapá
Mas no final do dia teve forró para todo mundo dançar.
Na terra de Iemanjá, do axé e do Carnaval,
Auditoria Financeira é tema de um Encontro Nacional
E se agora falamos um pouco de tecnologia e inovação,
Nos veremos à tarde com Janilson falando de Evolução”.
ENAF-TC
O 3º Encontro Nacional de Auditoria Financeira dos Tribunais de Contas do Brasil (ENAF-TC), promovido pelo Instituto Rui Barbosa (IRB), Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE-BA) e Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia (TCM-BA), foi realizado nos dias 7 e 8 de julho de 2025, na sede do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA), em Salvador-BA.
Com o tema central “O presente e o futuro da Auditoria Financeira nos Tribunais de Contas do Brasil”, o evento tem como objetivo aprofundar discussões sobre a institucionalização do processo de Auditoria Financeira nos Tribunais de Contas. A programação contará com painéis e debates que abordarão cases de sucesso na aplicação de técnicas de Auditoria, bem como as tendências nacionais e internacionais, incluindo aspectos processuais e mudanças nos critérios de análise baseados nas IPSAS, convergidas no Brasil pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC).
O ENAF-TC conta o patrocínio da Companhia de Gás da Bahia (BahiaGás) e da Agência de Fomento do Estado da Bahia S.A. (Desenbahia) e o apoio institucional do Banco Mundial, Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), Conselho Nacional de Presidentes dos Tribunais de Contas (CNPTC) e Associação Brasileira dos Tribunais de Contas dos Municípios (Abracom).
*Com fotos e informações do TCE-BA.