Presidente do Comitê Técnico do IRB faz alerta para os impactos das desigualdades na infância do semiárido

29 abril, 2025
Equipe Instituto Rui Barbosa

O Presidente do Comitê Técnico da Primeira Infância do Instituto Rui Barbosa (IRB) e Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO), Edson Ferrari, chamou atenção para os 30 milhões de brasileiros que moram nos 1.477 municípios que compõem o semiárido, onde milhares são vitimados pela diarreia antes de completar dois anos de idade.

O alerta foi compartilhado durante sua participação na solenidade de lançamento do Pacto Paraibano pela Primeira Infância, realizado nessa segunda-feira (28/04), no Teatro Pedra do Reino no Centro de Convenções de João Pessoa-PB, e promovido pelo Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB).

O Presidente do Comitê Técnico da Primeira Infância do IRB alertou para o agravamento das desigualdades sociais e econômicas citando o sociólogo Domenico de Masi, que estuda o paradoxo de um mundo cada vez mais rico e mais desigual. “Em 2022 ele esteve em nosso país para lançar seu mais recente livro e criticou o fato de que apenas oito pessoas mais ricas têm a mesma riqueza de mais da metade de toda a humanidade. E vaticinou que estamos na presença de uma diferença jamais vista”, apontou.

O descompasso entre a economia e os indicadores sociais foram abordados na exposição: “Se levarmos em conta o Produto Interno Bruto, o Brasil é a oitava economia do mundo, entretanto amarga a posição de número 89 quando se mede o Índice de Desenvolvimento Humano. Paradoxalmente, somos um dos maiores produtores e exportadores mundiais de alimentos, enquanto cerca de dois milhões e 300 mil crianças brasileiras passam fome, submetidas à desnutrição que vai de leve, moderada e aguda, causadora de estresse tóxico, raquitismo, doenças graves e de mortes”, ponderou.

Ferrari referiu-se também a artigo da jornalista Andréia Peres, publicado pela revista Veja, sob o título “Desigualdades na primeira infância são altas e persistentes no país.” Dentre as várias evidências que a autora extraiu do segundo Livro da Primeira Infância, pinçou da apresentação escrita pelo Conselheiro goiano a seguinte frase: “A desigualdade não acontece por acaso, mas é um objetivo intencional. É o resultado de uma política econômica que tem por base o egoísmo, a competição como método e a infelicidade como propósito.”

Depois de discorrer sobre o trabalho que os Tribunais de Contas vêm fazendo para sensibilizar a consciência nacional para a gravidade da situação que a primeira infância se encontra, Ferrari parabenizou à Corte de Contas paraibana, prefeitos e dirigentes das demais entidades públicas e da sociedade civil pela edição do Pacto Paraibano pela Primeira Infância. “Antes mesmo de ser eleito Presidente do TCE da Paraíba, o Conselheiro Fábio Nogueira já se preocupava com a temática da Primeira Infância e já conversávamos sobre a necessidade de realizarmos um diagnóstico detalhado do semiárido, que abrange partes da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão”, complementou.

Após classificar como inaceitáveis as taxas de mortalidade materna, mortalidade infantil e mortalidade na infância, o Conselheiro Edson Ferrari concluiu sua fala afirmando que essas taxas decorrem das condições de vida das famílias em situação de pobreza ou de extrema pobreza, agravadas pela insuficiência e baixa qualidade dos serviços de saúde oferecidos, começando pelas consultas às gestantes, indo até o parto e os cuidados aos bebês, vacinação e alimentação adequada.