Dois estudos inéditos, frutos das recentes pós-graduações em Auditoria Financeira voltadas para Auditores dos Tribunais de Contas, deram o tom da segunda mesa de debates, dessa terça-feira (8/7), no 3º Encontro Nacional de Auditoria Financeira dos Tribunais de Contas do Brasil (ENAF-TC), realizado no auditório do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA), em Salvador.
Com mediação do Auditor de Controle Externo Vitor Maciel, do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia (TCM-BA), a mesa reuniu os também Auditores de Controle Externo Pedro Adolfo Gomes, do Tribunal de Contas da União (TCU), e Lucas Magalhães, do Tribunal de Contas de Santa Catarina (TCE/SC), para apresentar pesquisas selecionadas entre os trabalhos de conclusão dos cursos de pós-graduação oferecidos recentemente pelo Instituto Serzedello Corrêa (ISC), do TCU.
Vitor Maciel afirmou que a pós-graduação em Auditoria Financeira tem trazido um retorno “muito importante” para o sistema de Tribunais de Contas, porque “tem disseminado práticas uniformizadas e conteúdos das Normas Internacionais de Contabilidade e Auditoria, como IFRS (International Financial Reporting Standards), IPSAS (International Public Sector Accounting Standards) e ISA (International Standards on Auditing)”, destacou.
Para o mediador, a diversidade institucional dos Tribunais de Contas exige abordagens adaptadas: “Cada Tribunal e cada estado têm suas particularidades na introdução dessas normas, e os trabalhos apresentados hoje trazem reflexões importantes sobre esse processo”, afirmou.
Distorções contábeis
A pesquisa de Pedro Adolfo Gomes analisou a generalização dos efeitos das distorções nas demonstrações contábeis, tema técnico essencial para a formação da opinião de auditoria. Segundo o auditor do TCU, “para modificar a opinião, o auditor tem que entender se os efeitos são generalizados ou não. Isso é o que vai diferenciar uma opinião com ressalvas de uma adversa, por exemplo”.
Com base em um questionário aplicado a auditores do setor público brasileiro, o estudo identificou que a discussão sobre generalização de distorções ainda é incipiente, tanto no setor público quanto no privado. “Consegui capturar algumas concordâncias dos auditores a esse respeito. São resultados que não são tão simples de apresentar, mas fundamentais para entendermos melhor a prática da auditoria no Brasil”, explicou Pedro.
Opinião de auditoria
Já o trabalho do auditor Lucas Magalhães (TCE-SC) teve como objetivo principal avaliar o impacto da opinião de auditoria na apreciação das contas anuais dos entes federativos. O estudo abrangeu os 32 Tribunais de Contas brasileiros, com exclusão do TCU, por já apresentar alto grau de maturidade na aplicação das normas.
“A pesquisa revelou que temos muito a avançar, mas também que boas práticas já estão sendo implementadas”, apresentou Lucas. Na sua avaliação, a auditoria financeira ainda não é plenamente compreendida por todos que acompanham os trabalhos dos tribunais: “A opinião de auditoria é o resumo, é aquilo que todo mundo espera ver. A pesquisa buscou medir até que ponto essa opinião está influenciando ou não a apreciação das contas”, disse o auditor do TCE/SC.
ENAF-TC
O 3º Encontro Nacional de Auditoria Financeira dos Tribunais de Contas do Brasil (ENAF-TC), promovido pelo Instituto Rui Barbosa (IRB), Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE-BA) e Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia (TCM-BA), foi realizado nos dias 7 e 8 de julho de 2025, na sede do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA), em Salvador-BA.
Com o tema central “O presente e o futuro da Auditoria Financeira nos Tribunais de Contas do Brasil”, o evento tem como objetivo aprofundar discussões sobre a institucionalização do processo de Auditoria Financeira nos Tribunais de Contas. A programação contará com painéis e debates que abordarão cases de sucesso na aplicação de técnicas de Auditoria, bem como as tendências nacionais e internacionais, incluindo aspectos processuais e mudanças nos critérios de análise baseados nas IPSAS, convergidas no Brasil pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC).
O ENAF-TC conta o patrocínio da Companhia de Gás da Bahia (BahiaGás) e da Agência de Fomento do Estado da Bahia S.A. (Desenbahia) e o apoio institucional do Banco Mundial, Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), Conselho Nacional de Presidentes dos Tribunais de Contas (CNPTC) e Associação Brasileira dos Tribunais de Contas dos Municípios (Abracom).
*Com fotos e informações do TCE-BA.