Palestra de Leandro Karnal encerra atividades do VII Simpósio Nacional de Educação, em Aracaju

18 setembro, 2025
Equipe Instituto Rui Barbosa

A palestra “Centralidade do Estudante – caminhos para uma educação mais humana e eficaz”, conduzida pelo professor, escritor e historiador Leandro Karnal, encerrou o VII Simpósio Nacional de Educação (SINED) na tarde desta quinta-feira (18/9). O evento foi realizado pela primeira vez no Tribunal de Contas do Estado (TCE/SE) e reuniu mais de 500 servidores e autoridades do Controle Externo e entidades políticas.

Karnal introduziu sua palestra com reflexões sobre o que é ensinar, formar, educar e instruir, ações de aprendizagem e desenvolvimento que fazem parte do processo educativo.

Segundo ele, ‘ensinar’ vem do latim assinalar, que significa deixar uma marca em alguém. Todo ato de ensino é inscrever uma marca. Assim como, ‘formar’ vem de moldar e está relacionada ao ato de administrar formas, de moldar algo. Educar quer dizer guiar, conduzir por um caminho. Já instruir ou semear, diz respeito ao espalhar do conhecimento. “Tudo isso é parte do processo educacional. Por mais que seja difícil, cada aula vai produzir um suco, uma marca, uma cicatriz na mente desse aluno para sempre. Como uma vez disse Paulo Freire, ainda o patrono da nossa educação: ‘todo professor é absolutamente marcante, inclusive o incompetente”, afirma.

Além disso, Fernando Karnal ressaltou alguns dos problemas decorrentes da tecnologia hoje inerentes aos alunos, a exemplo do déficit de atenção. Do mesmo modo que destacou a necessidade de entender que o tempo da escola é contrário ao tempo da internet.

Ainda de acordo com o palestrante, os desafios de antes não são mais os de atualmente, dado que, anteriormente, o professor preparava o aluno para uma profissão preestabelecida. Já, hoje em dia, é necessário educar para futuras carreiras, levando em consideração que daqui a algum tempo certas profissões não existirão mais.

Karnal também instigou a reflexão acerca da atenção dada aos alunos que geralmente ocupam as últimas cadeiras da sala de aula. Para ele, são esses estudantes que mais precisam de um professor.

Os desafios mentais decorrentes da profissão: ansiedade, insônia e depressão; a utilização da Inteligência Artificial como aliada; a ética dentro e fora da escola; o equilíbrio entre aluno, família e escola também foram alguns outros temas abordados pelo professor.

Em entrevista concedida à equipe do TCE-SE, o historiador classificou a inclusão da Corte de Contas no debate sobre educação como extraordinária. “A ideia de a responsabilidade social não ser apenas de um grupo, de um organismo estatal, mas incluir um tribunal de contas no esforço pela educação, talvez seja tão extraordinária, porque a educação é a única causa coletiva, estratégica e absoluta. Todo o resto pode ter problema, menos a educação. Então, é muito bom que se faça um evento onde professores tenham contato com bons palestrantes, tenham um diálogo entre si e repensem a sua fala. Porque nós educadores precisamos, a todo instante, repensar, porque tudo muda muito rapidamente, o aluno pós-pandemia, o aluno ligado a celulares. O aluno com inteligência artificial não é o mesmo aluno de há dez anos”.

 

SINED

O foco do Simpósio Nacional de Educação (SINED) é construir uma agenda comum entre os atores da área da educação pública, em alinhamento com as metas do Plano Nacional de Educação (PNE) e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

Nesta edição, os participantes também imergiram nos temas: Como a gestão pode colaborar com a educação? Alfabetização, Educação Infantil e Creche; Gestão Escolar; Recomposição de Aprendizagem e Tempo Integral; PPP em Educação e Financiamento; educar por inteiro; Mesa de Experiências – Boas Práticas; Regime de Colaboração e Plano Nacional de Educação e Educação Inclusiva, Equidade e Diversidade.

O VII simpósio é uma realização do TCE/SE e do Instituto Rui Barbosa, com apoio institucional da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), Conselho Nacional de Presidentes dos Tribunais de Contas (CNPTC), Associação Brasileira de Tribunais de Contas dos Municípios (ABRACOM), Associação Nacional do Ministério Público de Contas (AMPCON) e Associação Nacional dos Ministros e Conselheiros Substitutos dos Tribunais de Contas (Audicon).​

 

*Fonte: DICOM/TCE-SE.